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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Homens de Preto 3


A forma de analisar cinema mudou muito ultimamente. Hoje mercado e bilheteria tem tanto peso quanto atuação e direção nas análises, e o motivo é a forma com que o produto é encarado. O abismo entre filme comercial e filme de arte é cada vez maior, e é justo que assim seja, porque sem um não existe o outro, e vice-e-versa (daí a obsessão da indústria em se legitimar por meio de prêmios como o Oscar e outros).
No entanto, não se pode analisar um blockbuster como Homens de Preto 3 pela mesma ótica de um filme de Martin Scorcese, mesmo uma superprodução como “A Invenção de Hugo Cabret” (para mim, cada vez mais, o melhor filme “oscarizável” da temporada que passou). Os dois pretendem fazer dinheiro, é certo, mas a ambição estética do primeiro é zero, enquanto Scorcese é incapaz de dirigir um comercial sem um subtexto por trás.
Daí que algumas resenhas sobre o último filme de Will Smith (que viu seus esforços de divulgação serem bem sucedidos, especialmente no Brasil, onde conseguiu derrubar "Os Vingadores" do topo do ranking) e falavam que era “repetia a fórmula do primeiro” (e não do segundo, felizmente), que tinha absurdos, buracos no roteiro, etc. Tudo isso é verdade, mas o que importa é que o público se diverte à beça. Mesmo com o “momento emoção” que parece ter virado mania do astro em quase todos seus filmes recentes (quando ele exagera, dá no xaroposo “Sete Vidas”, que ninguém suportou).
Tudo segue a receita de bolo do sucesso, desde as brincadeiras com celebridades-ETs (Bil Gates, Lady Gaga, Mick Jagger) até o uso de objetos – ou outros – sendo atirados na tela para reforçar a impressão do 3D.
Depois de uma década quase toda dedicada à TV, Barry Sonnenfeld volta à direção, quando seu último sucesso na telona foi justamente “MIB2”; Josh Brolin faz um K mais jovem e levemente mais bem humorado com êxito e Tommy Lee Jones dá mostras de que este é seu último “Homens de Preto”. A shakespeareana Emma Thompson praticamente só tem chance de mostrar alguma coisa no discurso em alieneges e sua versão jovem, Alice Eve, só está lá para enfeitar o filme.
Destaque absoluto para a recriação da lendária The Factory, de Andy Warhol, uma referencia até estranha num filme destinado às massas e à divertida atuação de Michael Stuhlbarg, que ficou mais conhecido como o gangster Arnold Rothstein em “Borderwalk Empire”, como o ET Griffin, papel que tem a cara de Elijah “Frodo” Wood.

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