Labels

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Teatro para quem precisa, palco para quem quer ocupá-lo


Teatros privados como o Amil complementam e melhoram a oferta  

O jornalista Bruno Ribeiro, último secretário da Cultura de Campinas, herdou uma situação humilhante para a sede da nossa região metropolitana. Levantamento feito pela EPTV no início de dezembro colocou a cidade em último lugar na RMC em número de lugares per capita em teatro municipais, entre cidades que possuem pelo menos uma casa de espetáculos pública, com o índice de um assento para cada 1.258 habitantes.
O problema se agravou com o fechamento da sala Luís Otávio Burnier, no Centro de Convivência Cultural Carlos Gomes, no final do ano, por causa da precariedade de sua conservação. A maior casa da cidade, o Castro Mendes, está em reformas sem data para terminar e as demais são o Carlito Maia, que também está em más condições, mas sem previsão de reforma e o Maria Monteiro, que está inacabado.
Quando viajei com Bruno à Fortaleza em março de 2010, para cobertura da Teia Cultural, já havíamos comentado não apenas a precariedade dos teatros campineiros, mas também o descaso das administrações públicas, já que, justiça seja feita, não é apenas culpa do doutor Hélio, mas de diversos prefeitos anteriores.
Na condição de vidraça até sua saída no final do ano, Bruno teve que enfrentar a indefinição política no município e a má vontade de seus pares na imprensa. Sim, porque o levantamento não analisa os números em seu devido contexto. Todas as cidades melhores colocadas – a multimilionária Paulínia (82.150 habitantes), com um lugar em teatro para cada 65 pessoas; Pedreira (41.549 habitantes) com um lugar para cada 75 pessoas e Jaguariúna (41,107 habitantes) com um para cada 108 habitantes – são cidades com menos de 100 mil habitantes em que um teatro grande é suficiente para gerar a estatística favorável. Pela mesma pesquisa, Indaiatuba, com seus 201 mil habitantes, está em oitavo entre 11 cidades com teatro público, oferecendo um assento para cada 274 habitantes.
Dentre as que têm população maior, só Americana, com lugar na plateia para cada 163 pessoas, está melhor posicionada. O problema principal de Campinas é a distância para o penúltimo colocado, Sumaré: 978 pessoas por assento contra 1.258. A comparação com cidades paulistas com mais de 500 mil habitantes torna a situação ainda mais vergonhosa. Guarulhos oferece 2.387 lugares divididos em cinco teatros municipais, enquanto Ribeirão Preto possui 2.103 lugares em teatros, sem contabilizar as arenas. Em Campinas, eram 865 lugares até o fechamento da Sala Otávio Burnier.
Mas é preciso levar em conta os espaços privados. O Teatro Amil – antes Tim – embora relativamente pequeno (334 lugares), trouxe não apenas a Campinas, mas à RMC espetáculos em temporadas, ao invés de apresentações restritas a um único final de semana.
Em Indaiatuba, o Teatro Deco20, com seus 328 assentos, ajudaria também a melhorar os números. Mas para isso, tanto a programação precisaria ser mais constante como o indaiatubano precisaria cultivar mais o hábito de ir ao teatro.
Ultimamente, o Shopping Jaraguá tem levado peças infantis ao Multiplex Topázio, da mesma forma como os equivalentes campineiros Galleria e Iguatemi tem apostado no filão para aumentar a frequência nos finais de semana.
Teatro inaiatubano se ressente por se dividir entre a Educação, dona da casa, e a Cultura, inquilina
Teatro infantil não apenas entretém as crianças nos finais de semana, mas também contribui para a formação do público futuro, que de pequeno começa a se familiarizar com a magia do palco, ao contrário dos shows de stand up comedy, que divertem mas não têm dramaturgia, atuação, cenografia, iluminação e outros elementos fundamentais para o teatro. Enche a casa, mas não o palco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário