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Passeata atravessa a Margianl do Parqeu Ecológico rumo à Prefeitura. Acabou aí meu registro, mesmo porque, o prefeito não estava lá... |
Duas frases me marcaram durante o trajeto, que acompanhei apenas até o Parque Ecológico (o repórter tem 50 anos de inabalável sedentarismo). "Mano, é uma roubalheira o busão ser mais caro que a gasolina", dita dentre de um pequeno grupo de manos; e a palavra de ordem "Reinaldo, ladrão, paga meu busão", uma dentre muitas gritadas pela multidão. A esses, se juntaram slogans tirados de tempo antigos como "O povo, unido, jamais será vencido", "O povo no poder", "Vem pra rua".
Veterano da invasão da reitoria da USP em 1982, da campanha das Diretas em 1984 e do impeachment de Collor em 1992, percebo que falta organização aos manifestantes: eles andam muito rápido, não dando tempo dos fotógrafos e cinegrafistas captarem a cabeça da passeata, que deve ter sempre uma faixa grande à frente. Essa "falha" confirma que a participação é predominantemente espontânea, sem uma liderança visível ou identificável.
Símbolos de vários períodos se misturam: "carapintadas", camisetas de bandas de rock, skates (homenagem ao Chorão?), máscaras - principalmente as Guy Fawkes, de "V de Vingança" - e até grifes de moda. As trilha musical é principalmente o Hino Nacional e "Que País é Este?" (se alguém puxar "Caminhando", eu começo o vandalismo!). A vontade de repetir momentos em que a participação dos jovens foi marcante na história recente, e a de fazer parte de algo maior que eles, é a real motivação do movimento aqui em Indaiatuba, muito mais que a tarifa de ônibis, que muitos nunca utilizaram e que subiu aqui em fevereiro.
E o que pode resultar disso tudo? No mínimo, o questionamento sério do modelo de transporte público urbano no Brasil - caro, ineficiente e falido. Também deveria levar os governantes de todas as instâncias a refletir seriamente sobre o modo como se faz política e se administra a coisa pública neste País.
PS: Aos "padres de passeata" do Facebook, antes de gritar palavras de ordem vão para a rua acompanhar o movimento. Não vem agora querer transformar isso num evento "Veja", de impeachment da presidente Dilma. Antes dela, tem o governador do Estado, Geraldo Alckmin, que até agora não puniu nenhum policial envolvido nas agressões contra cidadãos desarmados, com o beneplácito da maior parte da mídia. A indignação da garotada é generalizada e, como bem notou Eliane Catanhede, o momento é de perplexidade por parte de governos, mídia e até mesmo dos manifestantes, que " são tantos e tão diferentes que talvez nem eles tenham ainda respostas. Algo ocorre. O quê, ninguém sabe exatamente", como ela escreveu hoje, na Folha de S. Paulo. Não é quem só acompanhou pela TV ou pela Internet que vai dizer a eles o que é.
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Início da sessão da Câmara: manifestantes começam a chegar |
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As galerias começam a ser tomadas pelos jovens |
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Cartazes e faixas erguidas no plenário da Câmara |
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Na rampa do Legislativo Municipal |
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Pessoal começa a se aglomerar do lado de fora |
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Alguém começa a por ordem na bagunça |
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Concentração tranquila e até mesmo festiva |
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Orientações sobre o trajeto |
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Cartazes destacam demandas diversas por parte dos manifestante |
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Guarda Municipal se limita a delimitar o trajeto da passeata |
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Passeata passa em frente ao terminal de ônibus urbano |
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Parte dos manifestantes tem que dar meia volta na Padre Bento Pacheco |