O Cineclube Indaiatuba e o 20o Maio Musical apresentam hoje, dia 22, às 19h, o documentário "A Música segundo Tom Jobim", de Nelson Pereira dos Santos e Dora Jobim, no Multiplex Topázio do Shopping Jaraguá. A entrada é franca e após a projeção haverá bate-papo coordenado por Antonio da Cunha Penna e este escriba.
O extraordinário universo da música de Antonio Carlos Jobim não cabe em palavras. Foi com essa idéia em mente e a sensibilidade aguçada que o diretor Nelson Pereira dos Santos, ao lado de Dora Jobim, se dispôs a encarar o desafio de desvendar em filme a trajetória musical do grande compositor brasileiro, autor de uma obra eterna, de alcance internacional. Em "A música segundo Tom Jobim", os diretores escolheram o caminho sensorial da imagem e do som para exibir o trabalho do músico considerado, ao lado de Heitor Villa-Lobos, um dos maiores expoentes de todos os tempos da música brasileira. Não há uma palavra sequer no filme. E nem é preciso. Uma sucessão de imagens de grandes intérpretes brasileiros e internacionais em performances inesquecíveis, e do próprio Tom Jobim, em diferentes momentos, alinhava a trajetória musical do "maestro soberano". Está tudo lá: a força e a beleza da sua música, as diferentes fases do artista, o alcance e a poesia das suas canções, sua personalidade musical, a importância da sua obra. Tudo conduzido de forma vigorosa e poética, sem necessidade de maiores explicações. Apenas o prazer e a emoção de ouvir Tom Jobim.
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Rua Nascimento Silva, 107. O endereço foi imortalizado pela canção de Vinícius, Chico Buarque e Toquinho, "Carta ao Tom", que era o do próprio maestro na época da criação da Bossa Nova. Mais do que o famos apartamento de Nara Leão onde os jovens Roberto Menescal, Ronaldo Boscoli, Carlos Lyra entre outros tentavam aprender a batida de João Gilberto, foi na casa de Tom que surgiram "Chega de Saudade", "Desafinado" e tantos clássicos.
Minha própria relação com a música de Tom Jobim começou no final dos anos 70, quando ele andava em baixa por aqui, acusado - como Carmem Miranda - de ter se tornado americanizado. Já em 1968, havia sido vítima, junto com Chico Buarque e as irmãs Cynara e Cybele, da maior vaia da história dos festivais, quando "Sabiá" bateu "Caminhando", no III Festival Internacional da Canção. A distância histórica nos permite perceber que a composição de Chico e Tom era muito superior e tão engajada, embora mais sutil, que a tentativa de "Marselhesa" de Geraldo Vandré.
Mesmo já nos anos 80, na faculdade, colegas se espantavam quando me viam comprando LP dele. "Você gosta de Tom Jobum?", me perguntavam, incrédulos. A mim espantava que gostassem dos mineiros Lo Borges, Beto Guedes, Milton Nascimento (eram tempo pré BRock) e não de Tom. Ele estava fora de moda, e continuaria, até seu disco Passarim, que fez com que o Brasil, o redescobrisse.
A virada dos anos80 para 90 foram muito melhores para o maestro Brasileiro (de sobrenome), revalorizado graças ao livro "Chega de Saudade", de Ruy Castro, e por sucessos de músicas para TV como os temas de abertura de "Anos Dourados" e "O Dono do Mundo" ("Querida"). Infelizmente, em 1994, o Brasil e o mundo perderam Tom Jobim, vítima de parada cardíaca, no Hospital Monte Sinai, em Nova York.
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