Lucélia Santos volta a interpretar texto de Nelson Rodrigues, depois de a Musa Rodrigueana nos anos 80 |
Sucesso de público e crítica, A Falecida integrou o projeto Nelson Rodrigues 100 anos SESI-SP, em 2012, e foi vista por mais de 13 mil espectadores no Teatro do SESI – São Paulo.
Ao longo da narrativa, o espectador é levado a refletir sobre o homem e seu destino, assim como nas clássicas tragédias gregas. O pano de fundo é um Rio de Janeiro essencial e metafórico, com ênfase nos personagens e cenários da zona norte dos subúrbios, da Tijuca a Madureira.
As máscaras trágicas, que simbolizavam o cidadão grego, ganham nova representação por meio de caricaturas dos personagens cariocas. A ideia é levar ao palco um grande desfile dramático teatral – com elementos essenciais da nossa cultura, como o samba, a charanga e os blocos.
Segundo Marco Antônio Braz, especialista na obra de Nelson Rodrigues e diretor do espetáculo, a força da dramaturgia rodriguiana consiste em manipular genialmente a estrutura do melodrama, extraindo o máximo de profundidade que o gênero pode obter. “Há um envolvimento pleno do espectador com a situação dramática. Qualquer plateia diante de um Nelson Rodrigues bem encenado se torna ruidosa”, afirma. E complementa: “Não há sucesso possível com o teatro de Nelson sem que a plateia reaja com espanto e risos histéricos. É como se ele conseguisse fazer o público contemporâneo reviver os conceitos aristotélicos de terror e piedade. E lhe acrescentasse humor. Um humor paradoxal e cruel.”
Sinopse
Os dois personagens principais formam um núcleo familiar dos mais miseráveis que Nelson retratou. Zulmira, dona de casa suburbana, e Tuninho, típico carioca que possui a mais improvável das profissões: desempregado. O casal não tem filhos. Como a peça se chama A Falecida, sabemos que ela vai morrer. O marido, Tuninho, possui uma paixão: o Vasco da Gama. Ele é torcedor fanático. A história se passa durante a semana da decisão do campeonato – quando o Vasco disputa a final contra o Fluminense. A peça narra a trajetória do casal. Zulmira fica obcecada com a ideia de que uma mulher loira irá destruir sua vida, como afirmou a cartomante. A partir disso, procura uma funerária e encomenda para si própria o caixão mais caro. Tudo isso exaspera o marido, que sequer desconfia do caixão. Um tom melancólico e brejeiro dos subúrbios desenhado nas personagens ganha destaque. A cena da morte de Zulmira é antológica. Nela a peça começa a mostrar um fundo falso. Zulmira faz seu último pedido: que o marido vá à funerária encomendar o seu enterro.
Ficha técnica
Direção artística: Marco Antônio Braz
Elenco: Lucélia Santos, Rodrigo Fregnan, Tatiana de Marca, Almara Mendes, Adriana Guerra, Alessandro Hernandez, Rafael Boese, Willians Mezzacapa, Claudinei Brandão e Fábio D’Arrochella
Produção executiva: Márcio Brodt
Produção local: Marcelo Perroni
Cenário e adereços: J.C. Serroni
Figurino: Telumi Hellen
Iluminação: Wagner Freire
Som: Tunica Teixeira
Produção: Círculo Teatro Produções
SERVIÇO
Espetáculo A Falecida
Local: Teatro do SESI Campinas (Amoreiras) - av. das Amoreiras, 450, Parque Itália
Datas e horários: dias 9 e 10 de maio (quinta e sexta-feira), às 20h
Capacidade: 366 lugares e 8 para cadeirantes
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 70 minutos
Informações: (19) 3772-4184 / 4183 / 4168
Entrada gratuita – os ingressos serão distribuídos 1 hora antes do início da apresentação.
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