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quarta-feira, 8 de maio de 2013

"As Polacas - Flores do Lodo" será apresentado sábado e domingo no Teatro Sesi-Campinas

O grupo Bonecas Quebradas Produções Artísticas encena o drama "As Polacas – Flores do Lodo", no Teatro do SESI Amoreiras – Campinas, no dia 11 (sábado) às 20h e 12 (domingo) às 16h e 19h. A entrada é gratuita. O grupo constitui-se de atrizes e pesquisadoras das artes cênicas, cujo o interesse comum é criar espetáculos com temas do universo feminino em variados contextos. O espetáculo é vencedor do prêmio Miriam Muniz 2012, da Funarte.

Idealizada pela atriz Luciana Mitkiewicz, a peça estreou em outubro de 2011. Em cena, o encontro de prostitutas judias que emigraram do Leste europeu para o Rio de Janeiro no fim do século XIX e início do XX com as prostitutas negras brasileiras. Conhecidas como polacas, as jovens fugiram da fome e da perseguição religiosa espalhando-se pelas Américas. Pobres, semianalfabetas, longe de suas famílias e sem dominar o novo idioma, boa parte delas foi aliciada pela rede Zwi Migdal, de tráfico de mulheres.

Na então Capital federal, foram discriminadas pela própria comunidade judaica e, de início, também por prostitutas negras, que temiam a nova concorrência. O “serviço” já era disputado com as cocotes francesas, a elite do meretrício que se instalava em pensões do Flamengo, Glória e Catete, enquanto as polacas ficaram relegadas aos prostíbulos da Zona do Mangue, junto com as ex-escravas, nas cercanias da Praça Onze, um dos locais mais cosmopolitas da cidade. A região, berço do samba e da boemia carioca, frequentada por artistas, jornalistas, pobres e ricos, brancos e negros libertos, também recebeu a maior concentração de judeus do Rio de Janeiro. Ali, eles encontraram casas apropriadas para morar e instalar seus comércios.

Como no judaísmo prostitutas e suicidas são considerados impuros (as lápides são separadas por muros), as polacas criaram um grupo de ajuda mútua, a Associação Beneficente Funerária e Religiosa Israelita, e ergueram o próprio cemitério para serem enterradas com dignidade e seguindo suas crenças e tradições. O episódio, que se repetiu em diversas partes do mundo, deu origem ao Cemitério Israelita de Inhaúma, hoje administrado pelo Cemitério Comunal Israelita do Caju. O local foi motivo de polêmica recentemente por causa da ameaça de ocupação dos espaços ainda livres pelos judeus “puros” – justamente quem hostilizou estas mulheres e que, agora, estão com seus cemitérios lotados.

A aproximação de Celina e Esther, da juventude à idade madura, reproduz a situação inicial de estranhamento e rivalidade entre negras e judias. Em meio à árdua convivência nos prostíbulos cariocas, à violência da polícia e dos cafetões, à aspereza das cafetinas, ao preconceito social e à rejeição dos filhos, os laços solidários se transformam em amizade. Neste contexto, a peça recria o fervilhar da vida sócio multicultural da Praça Onze, suas casas de show, gafieiras, blocos, agremiações carnavalescas e cordões, cinemas, bilhares e casas de “tolerância”. Um período de reformas urbanísticas, perseguição a comunistas, da instauração do Estado Novo e da derrubada do casario para a construção de avenidas, como a Presidente Vargas.

Para escrever e dirigir em linguagem teatral esta primeira aproximação entre as culturas judaica e negra no Rio de Janeiro, foi convidado o consagrado diretor João das Neves – que imprimiu um caráter musical à montagem ao misturar samba, polca, maxixe e milonga tocados e cantados ao vivo pelo elenco de 12 atores, pertencentes a diferentes gerações do teatro brasileiro. Ao longo do espetáculo, o público se depara com Moreira da Silva, Ismael Silva e a Casa da Tia Ciata. A trilha também traz composições originais e obras de Ernesto Nazaré, Herivelto Martins e Grande Otelo, João Bosco e Aldir Blanc, Noel Rosa e Roberto Silva, entre outros.







Sobre o Autor – João das Neves

Um dos maiores nomes do Teatro Brasileiro, dramaturgo, diretor, ator e escritor, tem um currículo eclético que inclui diversos prêmios. Dirigiu o teatro de Rua do CPC da UNE e foi um dos fundadores do Grupo Opinião. Dirigiu também shows de MPB: Chico Buarque, Milton Nascimento, Baden Powell e MPB4, entre inúmeros outros. Sua peça mais conhecida, “O Último Carro”, ficou mais de dois anos em cartaz no Rio de Janeiro e em São Paulo, no fim dos anos 70, tendo levantado mais de vinte premiações. Radicado em Belo Horizonte a partir de 1992, adaptou e dirigiu o projeto Primeiras Estórias, repetindo o feito como diretor convidado pela Unicamp para a montagem de formatura de 1995. Colaborou com a cantora Titane como diretor de seus espetáculos “Inseto Raro” e “Sá Rainha” (2000 e 2001). Atualmente, circulam pelo país seus espetáculos “Besouro Cordão de Ouro”, “A Santinha” e “Os Congadeiros”, “Titane e o Campo das Vertentes” e “A Farsa da Boa Preguiça”. É premiado com o Molière de melhor direção e Prêmio Brasília de melhor autor, ambos em 1976, e com o Prêmio Mambembe de melhor diretor, em 1977. Nos últimos anos, foi indicado ao prêmio Shell pela direção de “Besouro, Cordão de Ouro” (2007) e de “Farsa da Boa Preguiça” (2009), no Rio de Janeiro.



FICHA TÉCNICA



Drama musical, Adulto, 90 min

Autoria e direção: João das Neves

Diretor musical: Alexandre Elias e Felipe Habib

Elenco: Beth Zalcman, Carla Soares, Eduardo Osório, Érico Damineli, Felipe Habib, Ilea Ferraz, Lígia Tourinho, Luciana Mitkiewicz, Rodrigo Cohen e Wilson Rabelo

Preparação vocal: Felipe Habib

Cenários: Hélio Eichbauer

Figurino: Rodrigo Cohen

Iluminação: Aurélio de Simoni

Preparação corporal: Angel Vianna e Marito Olsson-Forsberg

Consultoria em cultura judaica: Frida Zalcman

Piano: Guilherme Tomaselli

Operação de luz: Rafael Motta

Operação de som e vídeo: Calu e Fábio Pinheiro

Assistentes de produção (apresentações): Cassiane Tomilhero e Isabela Razera

Camareira: Cris Félix

SERVIÇO



SESI / Projeto Viagem Teatral

Espetáculo: "As Polacas – Flores do Lodo"

Local: Teatro SESI Amoreiras – Campinas, Av. das Amoreiras, 450

Data e horário: sábado 20h e domingo 16h e 19h (11 e 12 de maio).

Capacidade: 366 lugares e 8 para cadeirantes

Gênero: Drama

Duração: 90 minutos

Classificação indicativa: 14 anos

Tema e conteúdo: Drama musical

Informações: (19) 3772-4100 / 4183 / 4160

Entrada franca – os ingressos serão distribuídos com 1 hora de antecedência do início da apresentação.

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